24 de jan. de 2010

Revolta

Algumas coisas na atualidade envolvendo música me revoltam, na realidade não a arte música, mas o artista chamado músico.

Quando quis aprender um instrumento fiz por que achava legal, abstraindo certas partes, ganhei um violão e em seguida um contrabaixo, eu tinha 14 anos quando ganhei o meu violão, era um tonante, tinha um belo som, e nele tirei meus primeiros "rock's"...

Na época meu guia era meu ouvido, meus CD's e as velhas revistas de cifras, hoje ja quase itens do passado... vou contar como foi meu aprendizado...

Quando eu gostava muito de uma música, me dava vontade de aprender a tocá-la, eu não tinha computador, muito menos acesso a internet, era por volta de 2004, 2003 talvez, não sei dizer bem o ano, a única coisa que eu tinha era meu ouvido.

Sem acesso a formas de aprendizagem, escolas, ou professores, eu tinha que comprar CD's piratas (que na época ainda era onda ir no camelôs comprar aquela coletânea da malhação por 5 pilas) e comprar as revistas de cifras por 1,99, claro, as músicas que eu realmente queria tocar não se achava cifras em revistas, o que eu fazi? Comprava o CD, pirata mesmo, e ficava ouvindo, por horas a mesma música, o mesmo trecho e imaginava "o que o músico está tentando tocar aqui?".

Por sorte, comecei a tocar no baixo coisas que, apesar de populares, tinham um ótimo gosto no quesito graves: Red Hot Chili Peppers, Charlie Brow Jr. e Beatles. foi uma composição interessante, não fazia a mínima idéia de como se fazia um slap, ouvir Flea era impressionante pra mim.

Com o tempo passei a me empenhar, troquei as revistas de cifras por revistas especializadas, ficava babando com aqueles baixos e métodos, video-aulas que se ofereciam nos anúncios, porém, o que mais me deliciava eram os workshops, porém, todos os exercícios eram em partitura, tive que aprender, tb usando raciocínio e força de vontade a ler aqueles pontinhos pretos nas linhas, corri atrás de revistas usadas em porto alegre, mas aprendi.

Passei a aprender como aquilo funcionava, em meio a isso tudo, muita gente me admirava por ser um bom baixista, era uma recompensa, pois nunca tive um apoio real, aprendi mesmo pq quis aprender e ser um bom músico.

Agora chego aqui, nesta noite, resolvi ouvir uns funks antigos da época em que passei a ouvir funk e jazz com frequência e pensei: Agora, eu baixei uma música do Earth, wind & fire que, na época que eu ouvi falar deles pela primeira vez, nen sonhava em ouvir a música, pq não tinha dinheiro pra comprar CD, em agora em alguns clicks posso ouví-la...

Passando alguns minutos quis tocá-la, mas pra que cansar o meu ouvido, se existem as tablaturas em Guitar Pro/Mid na internet?
Se eu quisesse aprender a fazer slap ou tapping hoje, bastava ir no youtube que existem muitas video-aulas la...

Na minha época aprendi a ser um bom baixista sem esse auxílio, hoje com toda essa informação de mão beijada, as pessoas não tem vontade de se aprimorar pq está tudo ao alcance delas... não vejo mais músicos de qualidade se formando como na época que eu formei meu gosto músical...

Os muleques de hoje não estão nen ai se tocam bem desde que toquem, eu não aprendi dessa forma, mesmo com toda a dificuldade e mesmo sendo autodidata, aprendi a ser um músico, as crianças de hoje tem mais facilidade e mais acesso, porém perderam uma coisa muito importante: a magia de descobrir a música por sí mesmo.

A música está dentro de nós e não em arquivos de computador, não existe melhor professor do que a persistência e força de vontade, treino, prática, vontade de crescer.

Descubram o quanto é mágico você ouvir uma música e tocá-la por sí próprio, é algo que não tem preço.

paz

- yu~ki.

Um comentário:

  1. Só te digo uma coisa meu guri
    Isso se chama globalização. tudo a favor do acesso de todo mundo as informações. mas sinseramente, esse nem é o motivo pela falta de qualidade das musicas. a questão é mais profunda, tem a ver com renascimento cultura. Sim esse mesmo, o maldito movimento cultural que deu nome ao artista e disse que ele era mais importante que sua obra, esse foi o começo do fim para a arte( e sinseramente tudo mais) e a coisa esta cada vez pior e pior, se hoje os artistas já são supervalorizados por fazerem pouco, logo o serão por fazer nada. E cada vez menos haverá qualidade artística(ou de qualquer coisa) e mais banalidade, afinal sinceramente, hoje em dia, é bem mais importante ter um rostinho bonito e um pouco de falta de vergonha na cara do que realmente fazer arte.
    Valeu

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